Subject: Peixes-cachimbo macho abortam embriões de fêmeas feias
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Peixes-cachimbo macho abortam embriões de fêmeas feias
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Os peixes-cachimbo, cavalos-marinhos e dragões-marinhos pertencem a uma família em que são os machos que ficam 'grávidos'. Em algumas espécies as fêmeas cortejam e competem entre si pelos machos. Durante o acasalamento, o par realiza um dança que inclui "puxar um pelo outro e rodopiar juntos como uma dupla hélice", diz a autora principal do estudo Kimberly Paczolt, da Universidade Texas A&M em College Station. À medida que fazem espirais em volta um do outro, a fêmea transfere os seus óvulos para duas filas que correm ao longo do corpo do parceiro. O macho fertiliza-os e a bolsa de criação, formada por duas pregas, fecha-se ao meio. Semanas depois, esta costura abre e pequenas versões miniatura dos adultos nadam para fora, deixando os machos novamente livres para engravidar, o que pode acontecer no espaço de uma hora. A bolsa do macho protege os embriões e fornece-lhes oxigénio e nutrientes mas, diz Paczolt, o macho não cuida dos bebés com um abandono completo. Pelo contrário, ele regula o seu grau de investimento nos ovos de acordo com a dimensão da fêmea. No seu estudo, publicado na revista Nature, Paczolt e o seu colega Adam Jones, acasalaram 22 machos de peixe-cachimbo do Golfo Syngnathus scovelli com duas fêmeas cada um, em ninhadas separadas. Descobriram que os machos preferem acasalar com fêmeas maiores e que estas 'fêmeas mais atraentes' transferem mais óvulos para os machos e mais dos seus bebés sobrevivem. Também descobriram que se os machos acasalam com as fêmeas maiores na sua primeira ninhada, a segunda ninhada não sobrevive tão bem. Da mesma maneira, se a segunda ninhada se der bem, isso significa que a primeira ninhada não deve ter tido uma mãe grande. "Os machos estão a fazer cedências, quando têm recursos limitados têm que investir da forma mais inteligente possível", diz Paczolt. Os investigadores mostraram que um macho de peixe-cachimbo absorve parte da sua descendência em desenvolvimento, na prática devorando alguns dos seus bebés por nascer. Este facto salienta o conflito de interesses entre os dois sexos: as fêmeas entregam os seus óvulos aos machos na esperança que sejam bem cuidados mas os machos apenas apoiam parte da ninhada. "Esta capacidade de dar e tirar recursos durante a gravidez dos machos levou a uma reconsideração dos custos e benefícios das decisões de acasalamento do macho neste sistema", diz o biólogo evolutivo Tony Wilson, da Universidade de Zurique. As diferenças na taxa de sobrevivência da descendência podem ser directamente associadas às escolhas dos machos após o acasalamento, o que as tornam "um exemplo verdadeiramente excepcional" dessas opções crípticas, diz ele. |
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Jones concebeu um modelo de computador para testar quando é que este tipo de comportamento poderia ser útil aos machos na natureza. Ele criou uma comunidade electrónica de peixes-cachimbo em que podia fazer variar o número de machos e fêmeas, a dimensão das fêmeas e o tamanho menor de uma fêmea com a qual um macho ainda acasalaria. Dada a baixa abundância de fêmeas grandes e a esquisitice dos machos, é benéfico para eles acasalar com uma fêmea mais pequena e criar pelo menos parte dessa ninhada, segundo o modelo. "Se tudo correr bem, na altura em que os jovens nascerem poderá encontrar uma fêmea maior", explica Paczolt.
"A sugestão de que a bolsa de criação terá evoluído porque permite aos machos controlar o conflito sexual de interesses entre eles e as fêmeas é realmente muito interessante", diz Axel Meyer, da Universidade de Konstanz. É possível que as fêmeas grandes possam manipular os machos de modo a que eles deiam à luz a sua ninhada, enquanto os machos terão maior controlo sobre as fêmeas menores do que o inverso, diz ele. |
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Saber mais: Vídeo do acasalamento de peixes-cachimbo
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